PSICOMOTRICIDADE E O DESPERTAR DA COMUNICAÇÃO A ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA COMO FACILITADOR NA AQUISIÇÃO DA COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL
Fátima Gonçalves
A lacuna detectada no desenvolvimento infantil, face à realidade dos tempos modernos, motivou o presente estudo. Ao longo da história, o brincar foi se distanciando da vida da criança, a qual tem sido confinada a espaços cada vez mais reduzidos, e com pais cada vez mais ausentes, perdendo, com isso, o estímulo, o espaço e a relação essenciais ao seu desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social. Através da exploração do espaço, das vivências concretas e da relação com o outro é que ela consegue se apropriar da realidade e se comunicar com o meio em que vive. A estimulação psicomotora, na fase pré-lingüística (não-verbal), pode auxiliar a criança a adquirir um vocabulário não-verbal, isto é, concreto, objetivo, feito de experiências e sensações vividas. Esse vocabulário está na base da estruturação da linguagem simbólica e que, quanto mais amplo, pode facilitar a estruturação da comunicação e da linguagem verbal. Levando a criança a experimentações concretas e significativas, pode fazer com que ela elabore e se aproprie do meio em que está inserida, comunicando-se com ele, organizando-se e desorganizando-se, auxiliando-a na construção de uma base real; base esta em que se estruturará enquanto um sujeito. Nas atividades de estimulação psicomotora, sugeridas neste trabalho, alguns canais de comunicação foram levados em conta, tais como: motores (gestos e posturas); sensoriais e perceptivos; cognitivos e afetivos, presentes na fase pré-lingüística (não-verbal), já que são estes os instrumentos de que a criança dessa faixa etária dispõe para se comunicar. A técnica de investigação utilizada foi à observação de crianças na fase citada anteriormente, dentro do contexto escolar. Foram observadas as reações das crianças, mediante os estímulos apresentados e a forma como resolviam situações-problema, que lhes eram propostas. Também se analisou a maneira como elas se comunicavam com os outros integrantes do grupo e como buscava no adulto, a significação conceitual para aquilo que estavam experenciando. Diante dessas observações, foi traçada uma fundamentação teórica, captando um olhar psicomotor para as experiências das crianças. Finalmente, buscou-se demonstrar, com essa proposta, que a psicomotricidade está presente na vida do indivíduo desde a mais tenra idade e que, quando se concebe a criança, por intermédio de um olhar diferenciado, pode-se intervir positivamente em sua formação. Portanto, nessa fase, toda essa gama de vivências, experiências e comunicações ficarão, indiscutivelmente, gravadas na memória motora do sujeito e sempre que o mundo se apresentar, à sua frente, com um desafio, será em tal memória que buscará os significados para compreendê-lo.
Palavras-chave: criança (lactante); estimulação psicomotora; comunicação.
Fátima Gonçalves